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Freguesia de Carvalhal
Localização e características
Com uma área aproximada de 82 km2, a freguesia do Carvalhal é a mais recente do concelho de Grândola. Com uma orla costeira a rondar os 30 km, é limitada a norte pelo rio Sado, a este pelo estuário do Sado e pelas freguesias de Santa Maria do Castelo e de Grândola, a sul pela freguesia de Melides, e a oeste pelo Oceano Atlântico. A sede da freguesia situa-se a 22 km de Grândola, a 25 Km de Tróia e a 17 Km de Melides.
Em termos geológicos, o seu território é, na sua maior parte, constituído por dunas arenosas e sapais. Uma parte importante deste território, a península de Tróia, com cerca de 17 km de comprimento e 1,5 km de largura, é o resultado da acumulação de areias fluviais e marítimas. A fragilidade destes ecossistemas e, simultaneamente, a sua riqueza biológica, levaram a que uma parte fosse considerada reserva botânica, e a outra fosse integrada na reserva do Estuário do Sado.
Em resultado destas características e do clima, o revestimento vegetal deste território é, essencialmente, constituído por pinheiros, tojeiras, camarinheiras e estornos, extensas zonas de arrozal, outras culturas e alguma vinha.
O seu eixo económico, que até à década de 60 assentava na agricultura (cultura de arroz, batata e outros produtos) na silvicultura (madeira, pinhão e resina) e na criação de gado, deslocou-se, de forma crescente, para a actividade turística. Primeiro, com a criação do complexo da Torralta, em Tróia, e depois com outros empreendimentos como a Soltróia. Além destas actividades, a nível da economia são, ainda, de referir a apicultura, a carpintaria e serração, o comércio, a restauração, a panificação, os serviços, a construção civil e o artesanato
Embora se possa considerar a costa desta freguesia como uma única praia continuada, em termos de apoios e equipamentos está dividida em várias praias, das quais há que referir as seguintes (de sul para norte): Raposa, Pego, Carvalhal, Brejo, Torre, Comporta, Soltróia e Tróia.
A população ronda os 1630 habitantes (censos de 2011), em grande parte reforçada pela existência, neste território, do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz.
A freguesia tem como orago S. Romão, cuja festa se realiza a 9 de Agosto e, no seu âmbito realizam-se, ainda, uma feira na 1.ª sexta-feira de cada mês, a festa de N.ª S.ª de Tróia (em Agosto) e as Marchas Populares de Santo António.
Breve resenha histórica
É possível que as primeiras comunidades humanas que habitaram o território do Carvalhal reportem ao período Mesolítico, tendo em atenção as estações arqueológicas encontradas nesta região. Habitado ou não na Pré-História, certo é que, durante o domínio Romano, o seu espaço, a norte, viu surgir uma povoação e um importante complexo industrial de conserva de peixe e marisco. Pelo espólio recolhido, deduz-se que aquele espaço, conhecido desde os finais da Idade Média por Tróia, foi habitado pelo menos entre os séculos I e VII d. C. Não obstante a destruição causada pelas águas do Sado e as constantes depredações de que têm sido alvo, as Ruínas de Tróia, classificadas como monumento nacional, constituem o monumento histórico mais importante da freguesia e do concelho. Com o fim do Império Romano, Tróia entrou em decadência, ainda que, eventualmente, tenha albergado pequenas comunidades durante os períodos Godo e Muçulmano.
Entre a Idade Média e o século XIX, o território da actual freguesia manteve o seu carácter inóspito e despovoado, embora fosse utilizado por caminhantes que demandavam Setúbal, Lisboa e o norte do país. O único espaço que manteve ocupação permanente foi Tróia, onde, no século XV, foi edificada uma ermida de invocação a Nossa Senhora e, no século XVI, um moinho de maré. É, ainda, de referir no período Quinhentista o estabelecimento de uma carreira regular, em batel, para o transporte de pessoas e mercadorias entre Setúbal e Tróia.
Após a criação da freguesia de Melides, no século XVI, a maior parte do território do Carvalhal passou a integrar aquela freguesia, enquanto o extremo norte da península de Tróia dependia de Setúbal.
Com a instituição da Casa do Infantado, no segundo quartel do século XVII, que passou a integrar a zona oeste da margem esquerda do Sado, as terras do Carvalhal ficaram a pertencer-lhe. Continuando praticamente desabitadas, assim permaneceram, até à extinção daquele vínculo, por volta de 1836.
Uma vez na posse do grupo The Atlantic Company, Lda e com o incremento da cultura do arroz, o Carvalhal foi progressivamente fixando habitantes, não obstante a sezonalidade endémica.
Em 1855 (e depois 1895) o território do Carvalhal, então integrado na freguesia de Melides e no concelho de Santiago de Cacém, passou a integrar o concelho de Grândola.
Escassamente povoado, o Carvalhal viu substancialmente acrescida a sua população, a partir de 1944, data em que foi fundada a Colónia Penal do Pinheiro da Cruz.
Em 18 de Dezembro de 1987, na sequência de uma divisão territorial da freguesia de Melides, foi criada a nova freguesia do Carvalhal.
Património
Em termos de património arqueológico, o monumento mais importante da freguesia é, seguramente, a estação romana de Tróia. De entre o património edificado, há que referir as típicas cabanas de colmo, e o Monumento aos Poetas Populares. No entanto, é ao nível do património natural e paisagístico, constituído pela sua extensa costa, as dunas, e parte do estuário do Sado, que a freguesia é mais rica e atraente.