- Paróquia de Azinheira dos Barros Celebra 500 anos
Paróquia de Azinheira dos Barros Celebra 500 anos
No dia 27 de Janeiro de 1513 chega a Azinheira dos Barros a comitiva enviada por D. Jorge, Mestre da Ordem de Santiago, com o propósito de relatar as condições em que a então Ermida de Nossa Senhora da Azinheira se encontrava. Considerada em bom estado de conservação, salvo a pintura que teria de ser corrigida no prazo de um ano, é-lhe então atribuída a qualidade de Paróquia, passando a dispor de capelão e missas regulares.
Por esta altura, e tendo em conta que assistir às missas era obrigatório, era um esforço penoso ter de ir à distante Igreja de Grândola para cumprir com a obrigação semanal. Assim, o lavrador Rodrigo Estevez, escolhido para representar os interesses da população, leva o prior da aldeia até D. Jorge para nessa audiência serem definidas as condições para a elevação a Paróquia. Coube ao povo dos Bayros o pagamento do capelão, e quaisquer obras de reparação da Igreja, uma vez que foram eles que a construíram.
E tudo mudou a partir de então.
A centralidade na região substituiu o lugar de passagem e de estalagem que a aldeia tinha sido até então, levando os moradores dos arredores a fixarem-se em torno da Igreja e a construírem uma nova aldeia.
Localizada junto do caminho real que ligava Alcácer do Sal a Alvalade, passando pelos moinhos da Anisa, os Bayrros eram terras de milagres e de lendas, e eram terras de grandes propriedades, quase todas nas mãos da Nobreza e de oficiais da corte do Rei.
Aqui terminava o curso navegável do Sado, e aqui começava o galope por terra em direção a terras do Algarve. Aqui nascia o poeta Miguel do Couto Guerreiro ou o Dr. José Pereira Barradas. Daqui se fundou a aldeia de Ermidas e se achou a Mina do Lousal. Aqui nasceram os moinhos das terras férteis da Anisa e da ribeira Agua d’El Rei e que permitiriam o crescimento da aldeia de Grândola no século XV. Aqui passaram Reis e Rainhas, e aqui fizeram riqueza o Barão de Alvito, a Casa de Trofa, o Marquês de Angeja, a Condessa de Alcáçovas ou o Marquês de Minas. Aqui se fixaram as freiras de Nossa Senhora da Conceição de Beja e os Mulatos do Sado. E também aqui nasceram e viveram milhares de homens e mulheres, do trabalho do campo e da mina, que construíram esta terra como ninguém melhor a teria construído.
Nos 500 anos que se seguiram, foram muitos os obstáculos que se foram atravessando e foram muitas as adversidades que foram moldando o povo dos Bayros e o seu carácter. Nas palavras de Joaquina Flores, “este povo é de sentimento, de labor e de franqueza”, um povo que se tornou corajoso e que olha hoje o futuro com a mesma ambição de Rodrigo Estevez em 1513 quando ousou pedir a D. Jorge que refundasse aquela “aldeya” de Nossa Senhora da Azinheira, no local dos Bayros.