- A simbiose da relação metafórica e poética entre a escada e o carril da mina vai dar origem ao Monumento para o Lousal
A simbiose da relação metafórica e poética entre a escada e o carril da mina vai dar origem ao Monumento para o Lousal
Está eleito o Monumento a ser implantado no Lousal, resultante do trabalho desenvolvido no âmbito do Projeto Participativo de Arte Pública, centrado no objectivo de criar arte com a comunidade, visando a conceção de uma obra de criação artística para homenagear o movimento operário mineiro.
Na 6.ª Sessão Pública de Trabalho realizada no passado sábado, dia 26 de janeiro, no Salão do Lousal, a população escolheu de entre três propostas de módulos construtivos desenvolvidos a partir da maqueta vencedora, o monumento que quer na povoação, reflector das memórias e tradições de um povo.
De acordo com o Escultor Sérgio Vicente, professor da Faculdade de Belas Artes de Lisboa “a proposta escultórica vencedora representa a relação metafórica e poética da descida e subida à mina e as formas de comunicação entre tuneis no seu interior, simbolizada por dois elementos: a escada e o carril”. Na última sessão, a comunidade local escolheu também o local onde vai ficar o monumento: um espaço à entrada da Aldeia Mineira, que irá realçar o objecto imponente e marcante na paisagem e que permitirá igualmente diferentes perspectivas de visualização.
O Presidente da Câmara Municipal de Grândola, presente na sessão, referiu que é um “privilégio para a Câmara Municipal e para a população do Lousal, receber este projeto de arte inovador que vai ao encontro da estratégia do Município em termos culturais”. António Figueira Mendes referiu também que “este é um processo criativo bastante interessante e genuíno do ponto de vista democrático, com a democracia a funcionar no seu mais amplo campo, ao dar voz às pessoas”.
Recorde-se que este projeto participativo de arte pública tem vindo a ser desenvolvido no Lousal desde 10 de fevereiro de 2018 depois da assinatura de um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Grândola e Faculdade de Belas Artes de Lisboa, que constituiu uma equipa responsável pela realização do projeto, formada por nove especialistas em Arte, Multimédia, Antropologia, Arquitetura, Escultura, Geografia e História da Arte e cinco alunos de Escultura, de licenciatura e mestrado.
A primeira fase do Projeto de Arte Pública, que corresponde à evolução do processo participativo, através da realização de seis sessões de trabalho entre a equipa Universitária, representantes do poder local, técnicos da CMG, Junta de Freguesia, residentes, cidadãos que mantêm laços familiares ou afectivos com a povoação, órgãos locais e representantes associativos, que teve como objectivo a elaboração colectiva do Monumento a construir, está concluída.
Em cada sessão, recorrendo a metodologias colaborativas, a população do Lousal, foi reflectindo sobre as diferentes componentes necessárias à construção da escultura. Progressivamente e em colectivo foi decidido o tema, o conceito, o espaço, a forma, o material e demais elementos necessários à concretização do projeto.
Ao longo das sessões de trabalho participativo foi analisado em comunhão com os residentes, o papel social, político e urbano da mina nas formas de organização comunitária e o que esta herança ainda significa para o imaginário da região, procurando criar sinergias entre a vertente física e imaterial, cultural e social, garantindo novas formas de diálogo com o território através da arte.
A segunda fase do projeto que agora se inicia, corresponde à produção e implantação da obra no território do Lousal. Esta será uma fase técnica, relacionada com a execução do projeto escultórico.
Este projeto da Câmara Municipal de Grândola é desenvolvido pelo CIEBA - Linha Transversal de Arte Pública da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, com o apoio do VICARTE, CICS-NOVA e Instituto de História de Arte da Universidade Nova, DINAMIA’CET do ISCTE e CEACT da UAL.